segunda-feira, 30 de maio de 2011

“Ganimedes 76” - ROBERTO PIVA

Teu sorriso
olhinhos como margaridas negras
meu amor navegando na tarde
batidas de pêssego refletindo em teus olhinhos de
          fuligem
cabelos ouriçados como um pequeno deus de um salão
          rococó
força de um corpo frágil como âncoras
gostei de você eu também
amanhã então às 7
amanhã às 7
tudo começa agora num ritual lento & cercados de
         gardênias de pano
Teu olhar maluco atravessa os relógios as fontes a tarde
         de São Paulo como um desejo espetacular tão
         dopado de coragem
marfim de teu sorriso nascosto fra orizzonti perduti
assim te quero: anjo ardente no abraço da Paisagem"
(Abra os olhos e diga Ah!, 1976)

Poema XIV - ROBERTO PIVA


"vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas
                  coxas imberbes & brancas.
         vou dilapidar a riqueza de tua
                  adolescência. vou queimar teus
                  olhos com ferro em brasa.
              vou incinerar teu coração de carne &
                            de tuas cinzas vou fabricar a
                            substância enlouquecida das
                                     cartas de amor."  (20 Poemas com Brócoli, 1981)
quase tudo é um acidente...
inclusive vc e eu
é o acaso mostrando pra que veio
chutando nOSSA sua cara e dizendo: é só isso mesmo


o sabor do veneno o gosto do beijo
o fracasso, a culpa
e o cocktail molotov
quase tudo é um acidente
inclusive vc é eu
o amor é um acidente
a última mulher e a próxima também
seus amigos... inclusive
a quina da mesa...



ei ei idiota nada é de propósito... é a voz do fogo que lhe fala...
nada tem propósito
tenha um pouco de paciência então

quase tudo é um acidente
  • Vai esquece o medo
    Ele não serve pra todo momento
    Vai esquece... precisamos ser um pouco de aço
    Pra agüentar um pouco mais
    Deixa a choro pra depois
    Por que no final a lágrima sempre acaba caindo
    Mas esquece um pouco a lágrima
    E agüente um pouco

  • aguarde só mais um pouco
    seja de aço inoxidável
    corpo firme e coração na mão
    deixa o medo pra daqui a pouco

    porque tem a hora certa de desabar
    mas não agora, só daqui a pouco

    contra a correnteza
    contra a tristeza
    contra a covardia

  • é sim
    é preciso
    aguente mais um pouco

    até então não havia confirmado minha presença aqui
    mas começo ver outro caminho
    Digo: ESTOU AQUI, EU AGUENTO E NÃO ARREDO O PÉ
    e é nessa covardia de não afirmar, de não refletir, de não perguntar q todo mundo tem se escondido
    na ausência de gentileza, no sumiço do carinho é q a maioria se satifaz

  • mas eu não sou a maioria
    nunca fui a maioria
    nunca serei

    e não compactuo com isso
    meu compromisso
    e com a verdade, mesmo q provisória
    com a lealdade, mesmo q difícil
    com o amor, mesmo q raro

    e o medo q eu tenho
    vou deixar pra depois

    o medo que eu tenho
    vou deixar pras horas de descanso
sou mesmo piegas admito acredito em amor e outras cositas más, é serio acredito sim... e me sinto fraco quando sem querer acabo por vezes desacreditando nessa minha porção piegas necessária a minha existência, por ceder a tentação de pessoas que não acreditam... eu devo minha vida a isso, é um fio de q deve me conduzir, a coluna q deve me sustentar... acredito apesar de tudo que busca perverter isso
e não é apenas uma reflexão instrospecta, deve ser uma prática, uma operação tática, um estratégia q deve guardar em sí a desordem o caos o acaso a dialética (hehehe)... o aperto de mãos, o perdão, um abraço, um beijo espocado, um sorriso de quebrar as pernas da vitima de tanto fazê-la sorrir, um cafuné... um bom dia suavemente verdadeiro... porra é simples, o amor é importante...

eu sou o que eu quiser



"eu sou o desconforto o desmazelo e a pressa
sou o q não imagino e o contrário disso
sou feito de você junto comigo, de mim junto contigo
da raiva
sou feito do erro
meu alimento
e nisso me comprazo
e nisso me construo
sou o demodê
q anda coxo
e nada o faz parar
e acredita mesmo
sem se fazer acreditar"
COMO NÃO DEVERIA SER, FOI
O ACASO TOMOU POSSE
PREENCHEU TODO UM CORAÇÃO
INCAUTO OU CORAJOSO
FEZ DISSO PERFEIÇÃO...
DEU-LHE FORÇA E DELICADEZA
E CHAMOU ISSO DE AMOR...

Acorrentados


Quem coleciona selos para o filho do amigo
quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava
quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho
quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia
quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre
quem se ri das próprias rugas
quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta
depois de um fracasso sentimental
quem procura na cidade os traços da cidade que passou
quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada
quem costura roupa para os lázaros
quem envia bonecas às filhas dos lázaros
quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira
quem manda livros aos presidiários
quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio
quem escolhe na venda verdura fresca para o canário
quem se lembra todos os dias do amigo morto
quem jamais negligencia os ritos da amizade
quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona
quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga
quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos
quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças
quem guarda as cartas do noivado com uma fita
quem sabe construir uma boa fogueira
quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos,
dos musgos e dos liquens
quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência
quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição
quem se desata em sorriso à visão de uma cascata
quem leva a sério os transatlânticos que passam
quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz
quem de repente liberta os pássaros do viveiro
quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo
quem julga adivinhar o pensamento do cavalo
todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.

 Paulo Mendes Campos

Texto extraído do livro "
O Anjo Bêbado", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1969, pág. 105.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

UM POUCO DE CAOS NÃO FAZ MAL A NINGUÉM...

‎5 leis de Claudianathan:

O álcool é para ser bebido
Todo bebum tem seu copo sujo
Todo copo sujo tem o seu bebum
Poupe o tempo do bebado
A barriga é um organismo em crescimento
 "e como um deus q não se vence nunca... seu olhar não consegue perceber... como uma chuva e uma tristeza podem ser uma beleza... e o frio uma delicada forma de calor"

‎"só um coração aberto pode ser feliz"

cidades invisíveis

“Klublai: Talvez esse nosso diálogo se dê entre dois maltrapilhos apelidados Kublai Khan e Marco Polo que estão revolvendo um depósito de lixo, amontoando resíduos enferrujados, papel, e, bêbados, com poucos goles de vinho de má qualidade, vêem resplandecer ao seu redor todos os tesouros do oriente.
Polo: Talvez o mundo só reste um terreno baldio coberto de imundícies e o jardim suspenso do paço imperial do Grande Khan. São as nossas pálpebras que os separam, mas não se sabe qual está dentro e qual está fora.”
I. Calvino
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eu sou spartacus

FUTEBOL DOS FILÓSOFOS - QUEM DIRIA SÓCRATES?

http://www.youtube.com/watch?v=wrtKc1ZtrGQ

BLACK DRAWNING CHALKS

http://www.youtube.com/watch?v=tf4El0z2rLw